quinta-feira, fevereiro 10, 2005

Colecção

COLECÇÃO

(Lat. collectiobe), s. f.,
•conjunto, reunião de objectos;
•compilação;
•ajuntamento;
•série;
•grupo;

Uma colecção quando começa é um acto inconsciente

Não falo nas clássicas colecções de selos quadros moedas etc. que são feitas com o deliberado intuito mercantilista de gerar mais valias e cujos objectos de colecção são possíveis de adquirir em qualquer lado

Começa porque sim porque é giro não deites fora é para recordar até nem estorva e eu fui lá e vivi

Depois perde-se o porquê que nunca houve

Mais tarde larga-se

já há muita gente ao mesmo
generaliza-se de tal maneira que já se fazem edições com o único propósito de atingir o coleccionador e industrializa-se o objecto
Ou cresce-se e os interesses mudam-se Ou ...

Guarda-se tudo numa(s) pastinhas dentro dumas caixas fora de um alcance fácil e a “coisa” fica ali

Muda-se de casa(s) família cidade e leva-se o caixote juntamente com os livros os discos os recuerdos Faz partes das coisas que nem questionamos se é para levar ou deixar nos escombros

Quando muito deixamos em casa do familiar ou amigo com uma vida familiar mais estável e um lugarzito no sótão

Depois por uma razão mais ou menos consciente voltamos lá e descobrimos que passaram 35 anos que esses objectos nos falam de experiências vividas e muitas vezes esquecidas e que até são capazes de fazerem parte da cultura geral e comunitária

O ajuntamento de que falo e que só agora me apercebo que lhe posso chamar colecção foi feito nos anos quentes de 1974 a 1978

É um pequeno testemunho da vida politica dessa altura

É resultado dum amontoamento de autocolantes que foi acontecendo mais do que sendo feito

É também a prova de que já naquela altura de raivas e posições estremadas eu era um mocito de mente aberta e disponível para receber as ideias contrárias às minhas sem que isso abalasse ou pusesse em causa os meus valores.

E depois uma coisa é indesmentível e incontornável e parafraseando
“Pablo Neruda” utilizando o título dum livro seu “CONFESSO QUE VIVI”

Sem mais merdas
e porque me apetece
mesmo acreditando que para muito pouco gente isto interesse (partindo do principio que ALGUÉM vai dar com o caminho)

Criei um blogue onde vou colocar os meus autocolantes políticos

Sem discriminações
enquanto tiver espaço e alojamento para eles

Senhores e senhoras
Meninos e meninas
Homos e Heteros
Católicos Ateus e tarados sexuais
Outros

É com o maior dos prazeres solitários que anuncio neste dia da graça do senhor de 10 de Fevereiro de 2005 a 10 dias da desejada e previsível derrota eleitoral do Sr. Santana Lopes e Santanetes Machos Fêmeas e assim-assim
a criação deste blogue

4 comentários:

  1. Acho uma ideia genial, apesar de não ter uma mente tão aberta como a tua, muito menos naquela altura, a colecção é realmente um bom indicativo da tua personalidade. Bem-hajas!

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  2. Que ideia genial. Eu tinha uma coleção como esta, mas perdia-a na arrumação da vida.
    :-)

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  3. Boa, Papo-seco. Eu cá acho interessante. Não é que andasse com algum ao peito, que era demasiado anarca para me meter nessas coisas na altura, mas lembro-me perfeitamente de grande parte dos autocolantes da altura, das banquinhas no Rossio e na Praça da Figueira, e em dia de manifestação então eram mais que muitas. Felizmente que há quem guarde coisas. Eu queixo-me disso, que não sou coleccionador, mas um guardador. Desde licenças de isqueiro, a cartões da Mocidade Portuguesa, a passaportes alemães do tempo do nazismo é tralha que nunca mais acaba. E quadradinhos, então, nem se fala... Para já não fala em outras coisas, que já não tenho espaço onde as pôr...

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  4. Tenho licenças de esqueiro pá troca. ;)

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